Palacetes Prates
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Guardadas as devidas proporções entre uma Avenida e um Parque, o que aconteceu ao longo do século XX com o Parque do Anhangabaú em São Paulo tem o mesmo gosto amargo da tragédia que aconteceu com a Avenida Rio Branco no Rio de Janeiro durante o decorrer do mesmo período.
Projetos urbanísticos majestosos, com edifícios magníficos, que ofereciam uma atmosfera de organização e reverência à população, bem como um espírito de urbanidade e civilidade, foram simplesmente exterminados dos espaços brasileiros, seja em nome dos lucros, seja em nome do progresso, em troca de um modernismo estéril e desalmado, que só fez tornar-nos mais uns no meio da multidão.
Progresso com cara de regresso. Abaixo, segue algumas das principais fotos e informações sobre as grandes estrelas daquele Anhangabaú perdido, os Palacetes Prates.
Durante a prefeitura do Barão de Duprat (1911 a 1914), foram encarregados os urbanistas franceses Joseph Bouvard e Cochet, de planejar o ajardinamento do futuro Parque do Anhangabaú, que viria a ser então a “Sala de visitas da cidade” . Concluída a urbanização do local, quem melhor retrata toda aquela beleza, dos jardins, das aléias floridas, dos recantos sossegados, das fontes e gramados são os cartões postais e pinturas feitos na época.
No processo da primeira grande urbanização (do Vale do Anhangabaú) iniciada pelo Barão de Duprat, (então prefeito,) três grandes construções floresceram primariamente que foram os Palacetes Prates. A razão deste nome no conjunto de edificações foi porque Eduardo da Silva Prates, nomeado o primeiro conde de Prates (SP 8/11/1860 a 22/03/1928) era um negociante paulista, brasileiro, dedicado aos ramos imobiliário, bancário e férreo, e era um dos maiores proprietários da parte central da cidade, a tal ponto que tanto a municipalidade quanto o governo estadual, encontraram nele uma alavanca para a realização do Plano Bulevar. Desta maneira o Conde acabou por desempenhar grande contribuição com aquelas autoridades de São Paulo na realização do Plano, que era a modificação do ambiente e melhorias das edificações da Rua Líbero Badaró, sendo que sua maior contribuição foi nas negociações para que o solar dos Barões de Itapetininga (uma imensa chácara), existente nesta rua, fosse doada para o município e assim transformar-se no Parque do Anhangabaú.
Ele também ajudava financeiramente muitas instituições, tais como a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, um orfanato chamado Cristóvão Colombo, a Igreja Santo Antônio, localizada na Praça do Patriarca (é hoje um dos marcos da praça) e o Liceu Sagrado Coração de Jesus. O Conde Prates sempre desdenhou qualquer prêmio político que lhe fosse oferecido por benemerência. Faleceu em São Paulo a 22 de março de 1928.
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Os dois prédios, popularmente conhecidos como gêmeos foram projetados pelo engenheiro agrônomo baiano Samuel das Neves e por seu filho, o arquiteto formado na Universidade da Filadélfia Cristiano das Neves.
Acima, rara imagem da construção dos palacetes do Conde de Prates, ainda na década de 1910. Foram por décadas os prédios mais suntuosos da cidade.
Acima, uma rara vista panorâmica do Parque do Anhangabaú com seus jardins, e o conjunto de Palacetes do Conde de Prates. Por trás destes palacetes segue a Rua Líbero Badaró. No Palacete 1, funcionou a Câmara Municipal e a Prefeitura, no Palacete 2, o sofisticado Automóvel Club, fundado em 1908, considerado um clube chique e um dos mais belos palácios já existentes em São Paulo. Entre os dois está o Edifício Sampaio Moreira de 14 andares, considerado o primeiro arranha-céu de SP.
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Para a direita, vê-se a praça do Patriarca, com a famosa Mappin Stores , o primeiro viaduto do chá (ainda de metal ) e o Palacete 3 onde funcionou o Hotel de La Rotisserie Sporstman, e em seus dias finais o jornal Diário da Noite. No seu local seria construído o atual Edifício Matarazzo, atual sede da prefeitura de São Paulo. No outro lado deste parque estavam o Teatro Municipal, o Hotel Esplanada e mais tarde o edifício Alexandre Mackenzie (São Paulo Light & Power Co.).
Acima, o Hotel de La Rotisserie Sporstman, onde se hospedavam ilustres, o qual era um dos três palacetes Prates, que adornavam o Parque do Anhangabaú, de estilos totalmente europeus. O Hotel em 1932 fazia esquina com o antigo Viaduto do Chá.
No inicio dos anos 30, os Palacetes Prates ganharam a companhia do Edifício do Clube Comercial (na imagem abaixo) inaugurado em 1930, possuindo vários escritórios e lojas, além de salões de baile. Também instalou-se ali a Bolsa de Mercadorias. Esta foi a ultima construção que definiu o limite do Parque do Anhangabaú, no lado da cidade chamado de “centro velho”. Nota-se ao fundo o famoso edifício Martinelli.
As edificações tiveram destaque na vida política e social paulistana da época. O palacete mais próximo do Viaduto do Chá abrigou a sede do Automóvel Club de São Paulo, enquanto o outro, à esquerda, abrigou a prefeitura e a Câmara Municipal de São Paulo.
Em 1951, os palacetes foram vendidos e, no mesmo ano, a antiga sede da Prefeitura e da Câmara foi demolida para dar lugar a um arranha-céu que foi nomeado Conde de Prates. Já o outro palacete foi derrubado na década de 1970. Existiu ainda um terceiro palacete na área, do outro lado do Viaduto do Chá, que foi demolido em 1935.
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Outras Imagens e um pouco da história do Vale do Anhangabaú.