Hotel Avenida
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O Hotel Avenida era propriedade da Companhia Ferro-Carril do Jardim Botânico-CFCJB. Construído por Francisco de Azevedo Monteiro Caminhoá, ele tinha 3.200 metros de área total, com 60 metros de frente, 22,85 metros de altura geral sobre o solo e 34,30 metros de altura máxima.
Sua fachada frontal se estendia por 60 metros e altura do edifício era de quase 23 metros, que seria equivalente a um prédio moderno de 7 andares, embora o hotel contasse com apenas 5 pavimentos, porque na época o pé-direito dos pavimentos era normalmente de 3 metros.
O terreno foi adquirido da Fazenda Nacional pela CFCJB, que passou a ser sua proprietária em consequência dos planos das obras de abertura da Avenida Central, conforme escritura lavrada em 1º de julho de 1906.
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Ficha Técnica
Tipo: Comercial / Hospedagem
Endereço: Avenida Rio Branco, 156 – Centro
Conclusão: 1910
Altura: 34,30 metros
Andares: 5
Arquiteto:
Estilo: Segundo Império / Beaux Arts / Eclético
Inaugurado em 1910, o Hotel Avenida dispunha de 220 quartos, iluminados a luz elétrica, e também oferecia aos hóspedes o conforto do elevador. Na época de sua inauguração, a diária mínima era de nove mil réis. Considerado um dos mais populares edifícios da Avenida Rio Branco, o hotel ocupava uma quadra delimitada pela Avenida Rio Branco, Largo da Carioca, Rua São José (desaparecida nesse trecho) e a antiga Rua de Santo Antônio, atual Bittencourt da Silva.
Galeria Cruzeiro
No térreo, funcionava uma estação circular dos bondes da Companhia Ferro-Carril do Jardim Botânico, que trafegavam pela Zona Sul da cidade. Era a famosa Galeria Cruzeiro, assim chamada devido à existência de duas passagens em cruz. Essa estação oferecia embarque coberto e confortável e acesso a diversos bares e restaurantes que também funcionavam no térreo do Hotel Avenida. Um dos mais frequentados era o da Brahma, denominado formalmente de “Ao Franzisbnaner”, nome da cerveja mais popular da época. Ele ficava ao lado da Rua São José, onde também funcionou a Leiteria Silvestre, que, após a construção do Edifício Avenida Central, permaneceu no mesmo local. O Nacional foi outro restaurante famoso da Galeria Cruzeiro, cuja frente dava para o Largo da Carioca.
A Galeria Cruzeiro também foi um dos principais cenários do carnaval carioca, concentrando os foliões que chegavam nos bondes lotados e ruidosos. A felicidade saltava dos bancos de madeira dos bondes para as mesas de mármore dos bares. Durante quase meio século, o Hotel Avenida hospedou o bate-papo, o bom-humor e a alegria dos cariocas. Foi ali, na Galeria Cruzeiro, entre bondes e restaurantes, que a Light viveu mais um capítulo de sua história de identificação com o Rio de Janeiro.
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Demolição
O Hotel Avenida era tão importante que acabou se transformando em marco histórico do Centro e cartão-postal do Rio Antigo. Em 1957, o Hotel Avenida foi demolido para dar lugar ao Edifício Avenida Central, cujo projeto foi do escritório de arquitetura Henrique Mindlin. Inaugurado em 22 de maio de 1961, o edifício acabou por se constituir também em um dos referenciais da área central da cidade e do international style no Brasil.
Foi demolido sob protestos dos saudosistas que não se conformavam em ver um ponto já tradicional do Rio, e tão ligado à vida diária das pessoas, deixar repentinamente de existir. Em seu lugar surgiu um novo ícone, representando uma nova era e um novo estilo, agora menos voltado para o Europa e mais voltado para o estilo norte-americano. Muitas pessoas que passam por lá diariamente nem imaginam que aquele local já foi palco de um estilo de vida especial, que marcou o Rio de Janeiro para sempre.
A destruição do Hotel Avenida inspirou um poema de Carlos Drummond de Andrade, intitulado “A um hotel em demolição”, do livro A Vida Passado a Limpo. O Hotel Avenida e a Galeria Cruzeiro desapareceram, mas continuam vivos na memória histórica e sentimental do Rio de Janeiro:
Vai Hotel Avenida, vai convocar teus hóspedes no plano de outra vida.
Eras vasto vermelho, em cada quarto havias um ardiloso espelho.
Nele se refletia cada figura em trânsito e o mais que se não lia (…)
Vem, ó velho Malta saca-me uma foto pulvicinza efialta desse pouso ignoto.
Junta-lhe uns quiosques mil e novecentos nem iaras nem bosques mas pobres piolhentos (…)
Velho Malta, please, bate-me outra chapa: hotel de marquise maior que o rio Apa.
Lá do assento etéreo Malta, sub-reptício inda não te fere o super edifício
Que deste chão surge? Dá-me seu retrato futuro, pois urge”
Carlos Drummond de Andrade
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Saiba mais
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Tag: Demolido, Rio de Janeiro