Arquitetura Minimalista
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O termo minimalismo é usado para descrever uma tendência em design e arquitetura, na qual o assunto é reduzido a seus elementos mais básicos e necessários. Os designers e arquitetos minimalistas focam na conexão entre formas simples, iluminação elegante e os espaços vazios deixados pela remoção de elementos supérfluos.
O design minimalista foi altamente influenciado pelo design e arquitetura tradicionais do Japão. As obras dos artistas do movimento De Stijl também são uma referência importante: O De Stijl expandiu as idéias de expressão organizando meticulosamente elementos básicos, como linhas e planos.
Importante salientar que no que diz respeito ao design de interiores contemporâneos, os projetos “minimalistas” mais atraentes não são autenticamente minimalistas, porque são maiores e usam materiais de construção e acabamentos mais caros.
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Há observadores que descrevem o surgimento do minimalismo como uma resposta aos excessos e ao caos da vida urbana. No Japão, por exemplo, a arquitetura minimalista começou a ganhar força nos anos 80, quando suas cidades experimentaram rápida expansão do ambiente urbano e da população. O movimento foi considerado um antídoto para a “presença avassaladora do tráfego, publicidade, desproporção dos edifícios em relação a escala humana e imposição de estradas”.
O ambiente caótico não foi impulsionado apenas pela urbanização, industrialização e tecnologia, mas também pela experiência japonesa de ter constantemente demolir estruturas por conta da destruição causada pela Segunda Guerra Mundial e pelos terremotos, incluindo as calamidades que isso acarreta, como o fogo. A filosofia de design minimalista não chegou ao Japão por outro país, pois já fazia parte da cultura japonesa enraizada na filosofia zen. Há também quem atribua o movimento do design mínimo à espiritualidade e visão da natureza peculiares da cultura japonesa.
Menos é Mais
O arquiteto Ludwig Mies van der Rohe (1886–1969) adotou o lema “Menos é mais” para descrever e justificar sua estética. Sua tática consistia em organizar os componentes necessários de um edifício para criar uma impressão de extrema simplicidade – ele alistou todos os elementos e detalhes para servir a múltiplos propósitos visuais e funcionais; por exemplo, projetar um piso para também servir como radiador ou uma lareira enorme para também abrigar o banheiro.
O designer Buckminster Fuller (1895–1983) adotou uma das premissas da engenharia de “Fazer mais com menos”, mas suas preocupações estavam mais voltadas para a tecnologia e engenharia do que para a estética.
Outros arquitetos minimalistas são Luis Barragán, Kazuyo Sejima, John Pawson, Eduardo Souto de Moura, Álvaro Siza Vieira, Tadao Ando, Alberto Campo Baeza, Yoshio Taniguchi, Peter Zumthor, Hugh Newell Jacobsen, Vincent Van Duysen, Claudio Silvestrin, Michael Gabellini e Richard Gluckman.
Arquitetura Minimalista
A arquitetura minimalista tornou-se popular no final dos anos 80 em Londres e Nova York, onde arquitetos e estilistas trabalharam juntos para alcançar a simplicidade, usando elementos brancos, iluminação fria, espaço amplo com objetos e móveis mínimos.
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Conceitos e elementos de design
O conceito de arquitetura minimalista consiste em reduzir tudo à sua qualidade essencial e alcançar a simplicidade, embora a idéia não seja a destituição completa da ornamentação. Todas as partes e detalhes são consideradas a serem reduzidas a um estágio em que ninguém pode remover mais nada que possa melhorar o design final do projeto. Os critérios para avaliar o que é essencial são luz, forma, material, espaço, local e condição humana.
De um ponto de vista mais transcendental, arquitetos minimalistas não apenas consideram as qualidades físicas do edifício, eles consideram a dimensão espiritual e o invisível, observando o todo e prestando atenção aos detalhes, pessoas, espaço, natureza e materiais. Acreditando que isso revela a qualidade abstrata de algo que é invisível e ajuda na busca pela essência dessas qualidades invisíveis – como luz natural, céu, terra e ar.
Além disso, eles “abrem um diálogo” com o ambiente circundante para decidir os materiais mais adequados para a construção e criar relações entre edifícios e espaço. No final do século 19, quando o movimento Arts and Crafts se tornou popular na Grã-Bretanha, as pessoas valorizavam a autenticidade aos materiais em relação às suas características profundas e inatas.
Na arquitetura minimalista, os elementos de design se esforçam para transmitir a mensagem de simplicidade. As formas geométricas básicas, elementos sem decoração, materiais simples e as repetições de estruturas representam um senso de ordem e qualidade essencial. O movimento da luz natural nos edifícios deve revelar espaços simples e limpos.
Influências da tradição japonesa
A idéia de simplicidade aparece em muitas culturas, especialmente na cultura tradicional japonesa da filosofia zen. Os japoneses fundamentam na cultura Zen os elementos estéticos e de design de seus edifícios. Essa idéia de arquitetura influenciou a Sociedade Ocidental, especialmente nos Estados Unidos desde meados do século XVIII. Além disso, inspirou a arquitetura minimalista no século 19. [35]
Os conceitos zen de simplicidade transmitem as idéias de liberdade e essência da vida. Aqui a simplicidade não é apenas um valor estético, e sim uma percepção moral que analisa a natureza da verdade e revela as qualidades e a essência internas dos materiais e objetos. Por exemplo, o jardim de areia no templo de Ryoanji demonstra os conceitos de simplicidade e essencialidade, considerando o cenário de algumas pedras e um enorme espaço vazio.
O princípio estético japonês de Ma refere-se ao espaço vazio ou aberto. Remove todas as paredes internas desnecessárias e abre o espaço. O vazio do arranjo espacial reduz tudo até a qualidade mais essencial. No entanto, longe de ser apenas um conceito espacial, Ma está presente em todos os aspectos da vida cotidiana japonesa, pois se aplica ao tempo e às tarefas diárias.
A estética japonesa de Wabi-sabi valoriza a qualidade de objetos simples e lisos. Ele aprecia a ausência de características desnecessárias, valoriza uma vida em silêncio e visa revelar o caráter inato dos materiais. Por exemplo, a arte floral japonesa, também conhecida como Ikebana, tem o princípio central de deixar a flor se expressar. As pessoas cortam os galhos, folhas e flores das plantas e retêm apenas a parte essencial da planta. Isso transmite a idéia de qualidade essencial e caráter inato na natureza.
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Saiba mais
Wikipedia (inglês)
Referências
- Bertoni, Franco (2002). Minimalist Architecture, edited by Franco Cantini, translated from the Italian by Lucinda Byatt and from the Spanish by Paul Hammond. Basel, Boston, and Berlin: Birkhäuser. ISBN 3-7643-6642-7.
- Cerver, Francisco Asencio (1997). The Architecture of Minimalism. New York, NY: Arco. ISBN 0-8230-6149-3.
- Keenan, David, and Michael Nyman (2001). “Claim to Frame”. The Sunday Herald (4 February).
- Lancaster, Clay (September 1953). “Japanese Buildings in the United States before 1900: Their Influence upon American Domestic Architecture”. The Art Bulletin, vol. 35, no. 3, pp. 217–224.
- Nyman, Michael (1968). “Minimal Music”. The Spectator 221, no. 7320 (11 October): 518–19.
- Pawson, John (1996). Minimum. London, England: Phaidon Press Limited. ISBN 0-7148-3262-6.
- Rossell, Quim (2005). Minimalist Interiors. New York: Collins Design. ISBN 0-688-17487-6 (cloth); ISBN 0-06-082990-7 (cloth).
- Saito, Yuriko (2007). “The Moral Dimension of Japanese Aesthetics”. The Journal of Aesthetics and Art Criticism, vol. 65, no. 1 (Winter), pp. 85–97. Retrieved 2011-10-18.